domingo, 28 de fevereiro de 2010

Quando um vazio encontra o outro.

E essa sensação é tão estranha, que tudo fica estranho e o vazio toma conta como se fosse uma noite gelada de agosto, nas calçadas de volta pra casa, com as sandálias na mão e o coração em frangalhos, por mais uma noite sem um cobertor para aquecer o frio que ando sentindo neste calor tão intenso do verão...

Nada faz sentido, porque o sentido todo está em sentir e quando não sentimos ficamos sem saber ao certo o porquê do silêncio que nós mesmos pronunciamos...

É o silêncio dela que não foi, que mistura com o meu que não quis, é a vida dela que mistura com a minha, com a saudade nossa e do que fomos um dia.

E o palhaço que usa a maquiagem para esconder a dor, são as fotografias que registram o sorriso de paz, é a paz que se mistura ao fim do dia, o dia que custou a passar porque estamos assim -sem ninguém para se querer mais.

Há quanto tempo ando sozinho, há tanto tempo que não quero ninguém, minha mãe diz que a gente acostuma com a solidão, acostuma a ser sozinho e aprende a se bastar. Mas ela se esqueceu de contar que quando a gente sabe o que é um carinhozinho, aquela vontadezinha de abraçar o nosso, nunca mais vamos gostar de estar sozinhos por muito tempo. Porque o tempo voa e mostra dia sim e dia não que amanhã pode ser inverno e vai sobrar cama pra tanta solidão.

Então, me perco nas palavras sem sentidos, no vazio gelado que está meu coração. Meio estranho, sem graça e sem jeito ele me avisa todos os dias que já ta cansando de tanta falta de consideração.

Briga em silêncio, grita em gestos tentando mostrar que enquanto não me abrir o amor vai estar do lado de fora, esperando quem sabe um dia para entrar e preencher o vazio!

Fico entre meus livros inacabados e meus rascunhos rabiscados na cabeceira da cama querendo escrever a paz que sinto e sentindo a tremenda falta que o amor me faz, uma história meio sem rumo, uma bagunça sem sentido um sonho vazio...

Acabo vendo em tudo um começo, uma história cheia de sentindo, só preciso de um lápis para desenhar os personagens. Personagens, esses que fazem parte diariamente da minha história, dos momentos que vivo dos instantes que crio. E o coração continua vazio, estranho, intenso...

Como ter um coração intenso e vazio? Há espaço demais para a intensidade que gostaria de estar sentindo....

E eu que tanta vezes pedi em silêncio, em um passado não muito distante que o amor me deixasse em paz...

É, e não é que ele deixou, com tanta paz que silencia a rotina chata e sem graça que ando levando...

Ando por aí registrando momentos, finais de tarde com a esperança de encontrar por aií alguém perdido como eu...

Nas livrarias que entro, nas ruas que ando, nos bares que freqüento, mas nada mais faz com que eu entenda onde foi que encontrei esse vazio tão grande e fiz dele meu parceiro diário...

To querendo deixá-lo para trás, só falta coragem, só falta coragem!

Enquanto isso, ando por aí registrando o momento que estou tão vazio e consigo preencher com alguma coisa que faça valer a pena estar vivo...

Eis o sol, que brilha todos os dias e quando vai embora deixa para trás rastros de que vai voltar...

Enquanto isso eu espero, nesses caminhos loucos que a vida faz, ora ou outra esbarrar com alguém mais vazio que eu, daí a gente junta todos os vazios e fica tudo preenchido de tanto vazio, mas daí já não vai ser o vazio só meu, vai ter alguém pra dividir comigo! E assim vamos...na espera de que algo aconteça.

3 comentários:

Mariana disse...

Will. Você já disse tudo!

"Qlq dia, esbarrar com alguem mais vazio que eu..."


** parece aqueles comentarios de quem nao leu o texto, eu sei. Mas é que sei lá.. fiquei assim: sem saber mesmo o que dizer, embora eu queira muito dizer que, o que você disse, disse muito para mim.

Anônimo disse...

Não só para você Mariana. Will, me identifico muito com seus textos, o que você sente.. mas esse é extremamente compreensível, uma vez que, é tão 'indescritivel' essa sensação de estar vazio.

Anônimo disse...

É notória sua capacidade. Gostei da ideia do vazio preenchido por outro. Acredito que você tenha se perdido em alguns momentos, por isso volto a dizer: você tem capacidade. Capacidade de empenhar-se no caminho dos escritos e alcançar um patamar invejável. Não sou especialista ou algo do tipo; comento como uma admiradora da literatura e curiosa. Portanto, se de algo servir o que irei apontar, cá está.
-
Deve-se evitar marcas de oralidade num texto.
"e sem jeito ele me avisa todos os dias que já ta cansando de tanta falta de consideração(...)" - Está.
Personagens, esses que fazem parte diariamente da minha história - Eu retiraria essa vírgula.
-
Ando por aí registrando momentos, finais de tarde com a esperança de encontrar por aií alguém perdido como eu – É evidente que foi um erro de digitação no segundo caso, entretanto você repetiu “aí” em uma oração seguida da outra.
-
To querendo deixá-lo para trás, só falta coragem, só falta coragem! – Estou.
-
alguma coisa que faça valer a pena estar vivo... – À pena.
-
daí a gente junta todos os vazios e fica tudo preenchido de tanto vazio, mas daí já não vai ser o vazio só meu – Novamente, oralidade e repetição.
-
É um tanto chato apontar "falhas", mas acredite: são os erros que nos acrescem e motivam nosso desejo de crescer. Aposto e acredito em seu crescimentO.