Não é bom compartilhar tristezas. Mas fazê-lo às vezes é algo que ninguém escapa. Outras vezes, não temos saídas, não conseguimos guardar o sentimento torto, que entorta tudo, dos olhos ao juízo. Ana gostava de compartilhar suas tristezas nos bancos das praças. Eu achava isso esquisito, mas a entendia. Certa vez, a vi sentar num banco de praça, com uma senhora desconhecida e falar de sua vida como se isso fosse simples e comum. A senhora a ouviu atentamente que acabou perdendo a hora de ir para casa. Admiro mais quem ouve as tristezas, como esta senhora, do que quem fala. Gente assim faz dos bancos das praças seu consultório. Ou seu confessionário.
Todo mundo tem necessidade de falar. Alguns, de falar muito. Acho que um tema recorrente na minha vida, todos sabem, pelo menos os que me conhecem, é o silêncio. Nunca fui muito afeito ao falatório geral. Sempre achei a palavra traiçoeir
Gosto do silêncio como quem gosta dos grandes espaços, dos abismos, das montanhas. Do céu...
Sempre achei também alguns bancos de praça locais sagrados. Ali, gente chora e gente ri, alguns namoram, outros sentam e calam. Tenho saudade, por exemplo, de um banco de uma praça em São Gabriel , onde lia Fernando Pessoa. Ali, uma vez, li este poema que ora compartilho com você, como se estivesse agora num banco de praça:
"Às vezes tenho idéias felizes,
Idéias subitamente felizes, em idéias
E nas palavras em que naturalmente se despegam...
Depois de escrever, leio...
Por que escrevi isto?
Onde fui buscar isto?
De onde me veio isto? Isto é melhor do que eu...
Seremos nós neste mundo apenas canetas com tinta
Com que alguém escreve a valer o que nós aqui traçamos?..."
16 comentários:
Eu já sentei nesses, naqueles bancos.
Eu já olhei fundo em algum olhar, ali sentada em alguma dessas praças.
Eu quis dizer dessas coisas, mais prefiro que ouça esse silêncio q tbm me vigia.
Escuta.
Vou fechar os olhos.
Comecei a sentar em bancos de praça depois que mudei de cidade.
Na capital não tinha esse habito.
Daí agora tenho prazer em sentar e pensar apenas. De vez em quando ler.
Obrigada por compartilhar este lindo poema.
Um beijO meu.
<3
O que teria ouvido a senhora?
Digo algo: alguns não sabem, nem de longe, o enlevo que a dor causa...
Não, não é conversa de ultra-romântico. Mesmo a dor, quando se sabe aproveitá-la, traz coisas boas.
Isso uma "Ana", por aí, me ensinou...
Obrigado e volte quando quiser, mas só posso oferecer páginas reviradas mesmo, pois em mim um último suspiro de logicidade se arrefeceu, faz tempo.
Abraço.
Surpresa
Não sabia q Will aquele amigo de besteiras escrevia !
e Tãoo bemm =]
Adorei
bjoo Will
quando estamos cheios de tristeza, falar bastante delas nos esvazia e o sorriso pode voltar!
bjs
Por vezes nem precisamos necessariamente de palavraspara compartilharmos nossas tristeza ou nossas alegrias.
Um sorriso ou uma lágrima se encarregam disso né Will.
Beijos.
Prefiro travesseiros a banco de praça, prefiro a solidão de meu quarto e a presença confortante do Espírito Santo e Ele nunca perde a hora de ir pra casa =)
Bjm Will, linda reflexão
[linguinhaaa]
Também adoro mais quem ouve as tristezas... deve ser por isso que gosto de ouví-las e isso fez de mim futura psicóloga.
Os bancos de praça tem seu valor, como tu disse. São meios de desabafar, descansar, conhecer, viajar... enfim.
O silêncio faz parte da minha vida, mas é preciso alguma força para contê-lo, suportá-lo. Falar é algo que também tem seu valor.
Fernando Pessoa *-*
Beijos Wilsooooooon!
Sou silêncio também, Will. E tenho histórias com praças, e bancos, e gramas, e violões num céu de estrelas.
Teu texto me lembrou muitas palavras que o mundo me entregou em bancos de praça. E desenhei você, poeta.
O texto é lindo, rapaz.
Um beijo é teu, então.
Quero continuar lendo mesmo, por que to gostando, então continue. *-*
Eu tenho um péssimo, hábito, mania, sei lá o que é, de compartilhar minhas tristezas e as vezes falo o que não devia ou com quem não devia.
É o que eu estou tentando mudar em mim, falar menos pras pessoas, até por que, a poesia sempre me ajuda. *-*
Beijocas Will! <3
Silêncio, café e Pessoa...
(gostei!)
Em bancos de praça (e quantas há no lugar que moro!), já escrevi e fui escrito por tantos sentimentos...
é bom compartilhar tristezas - e supera-las.
bjos!
é bom compartilhar tristezas - e supera-las.
bjos!
Às vezes me pego em um desses bancos, compartilhando amores, problemas, tristezas. E muitas vezes sinto inveja da alegria compartilhada por muitos que ali passaram.
Ótimo blog.
Estava eu aqui a devagar sobre este blogg, e num instante fui capaz de aferir com extrema prescisão, a capacidade motora descritivia do nosso caro amigo intimo, cujo o vulgo e assim carinhosamente conhecido como Will. Resolvi eu escrever esse pequeno textículo inutil (ou util à depender de quem e quão forma lhe toque) transforme de forma transcedental e eliptica, o ser humano intrínseco a cada um que vos falo e de forma paranoica e por que não vertiginosa, alentar esse produção virtuosa de visagem do caro colega. Por fim encerrarei por motivos de uma pequena ablepsia súbita e incômoda.
Ósculos e amplexos a todos. ;D
Atualiza, bêibe!
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