quinta-feira, 26 de março de 2009

Mais um dia

Nada que fazer nem escrever. Depois de curada a ressaca e morta a fome, acabou simplesmente por se quedar em qualquer marasmo de coisas sem importância, sem nexo e desordenadas que atravessavam sua cabeça num movimento que lembrava as ondas no mar: vão, levam e às vezes, por sorte ou azar, trazem de volta.Pensou com seus botões que a música ajudaria. A música sempre ajuda:

“Essas recordações me matam”.Não, nem sempre a música ajuda...

Com tanta ausência não havia mesmo que fazer e por fim se jogou no colchão e simplesmente fechou os olhos diante da TV ligada e sem volume. Não havia que fazer a não ser tentar colocar alguma ordem em qualquer coisa na sua vida e a cabeça parecia ser um bom lugar por onde começar.
Na verdade o mais lógico seria arrumar o quarto. Objetos são mais simples de organizar, mas já era noite e estava cansado, nada feito.
O lance era realmente a cabeça, a porra da cabeça que não parava por nada no mundo.E como colocar ordem naquela miscelânea de confusões e lembranças? Por que colocar ordem na dor? E por que doía?“Afinal de que me queixo? São problemas superados”.É, nem sempre a música ajuda...- Superado o caralho!Nesse ponto percebeu que sentia a pior coisa que se pode sentir por alguém: pena, dó. E sentia isso por si mesmo, um desastre. Teve raiva, falou alguns palavrões e decidiu botar ordem na cachola só mais tarde, outro dia, nunca!- Viver, né? Vamo viver e ver no que é que dá... uma hora, um dia passa...

Discou rápido no telefone e atenderam com demora
:- Opa! Diga lá, meu fi!
- Rapaz, bora sair? Tô precisando espairecer...
- Cerveja, cerveja?
- Não, não... fazer nenhuma loucura não.
Tô pra isso hoje não, vou me comportar.
- Ui ui ui... se comportar? Quer ir pro céu, é?
- Não, não... ir pro céu não.
Só não quero ir pro inferno tão rápido...
- Beleza então, em meia hora eu passo aí, valeu?
- Valeu, filho.

“Só não quero ir pro inferno tão rápido...”. De onde saiu isso não sabia, mas veio a lembrar-se do que outro amigo dissera sabe lá quando: “pra ir pro céu a gente tem que morrer antes...”.

Apertou a tecla de rediscagem:
- Rapaz, vamos beber sim!
- Opa, você é dos meus, filho!
Calçou os tênis e se preparou para sair.
Celular, carteira, dinheiro, chave, desligar o computador e o som:


“Your funeral... my trial...”A música não ajuda mesmo!

10 comentários:

Camila disse...

A musica ajuda quase sempre:
"Sorte e Azar vão me disputar."

Lendo você, percebi o motivo de meu quarto estar tão bagunçado ultimamente. Nem os objetos consigo organizar por aqui.

E, no meu caso, beber nem sempre ajuda.

Anne Crystie disse...

Amigo macaco, obrigada pela ajuda ontem, tá?
Dormi mais feliz! ;D

O template ficou modelo "viadão", mas já tá valendo! ^^

E esse post todo?
Status de ontem: BEM.
A cervejinha adiantou de alguma coisa então!

Ah! Mas se você tivesse aceitado o meu sanduíche de queijo... ;P

Eu (L) você!
Saudades.

Letícia Dias disse...

Saudades de você Willian!

Bruno disse...

MUsica nem sempre ajuda, alcóol ameniza, amigos salvam.
Amigos + Musicas + Alcóol são realmente muito bons.
Amei a tua escrita mesmo!

Adriel disse...

"Não, nem sempre a música ajuda..."

e a Cabeça ... não tem mas jeito .. !

Otimo Texto!
Grande! abraço!

«Line» disse...

Mô bem, isso é tpm de macho, sabia? rs...

Bjnhos (linguinha aqui)

Pam Samsel disse...

É às vezes a música ajuda... a piorar as coisas! No meu caso arrumar o quarto é muuuuito mais fácil, mesmo! rsrsrs E beber ajuda a distrair...

Demais o texto, adorei.

Pam Samsel disse...

É às vezes a música definitivamente não ajuda! E no meu caso é muuuito mais fácil organizar o quarto do que as idéias, mesmo. E beber me distrai...

Muito bacana, adorei.

Tatá R. da S. disse...

Sabe de uma coisa?

Pra que se preocupar com o inferno lá de baixo, o inferno do "capeta"?

O pior dos infernos a gente vive aqui na Terra. No nosso dia-a-dia, nas nossas angústias, convivendo com nossos própios abismos.

Tente trazer o céu pra sua vida, e não esperar que ele venha depois que a vida se finda.

=*

Jaya Magalhães disse...

kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

Eu li pensando resultados conclusivos, moralistas e sérios. Mas daí o tom mudou total.

De que seria essa vida sem telefonemas assim? Bom é se ter alguém pra ser companhia, céu ou inferno. Né?

Beijo, Willzin.